Sentimo-nos filhos do Beato José Allamano. Ele nos regenerou.
Quando o filho cresce, afasta-se do pai. Assim, vivemos a essência do que ele viveu, não as formas que ele usou, que pertencem a outros tempos: obediência cega, rosário, sacramentais...
Recuperamos seu espírito fundamental: "primeiro santos, depois missionários". Segundo as Constituições, nosso primeiro objetivo é a santidade. Todo o resto ganha consistência e é sustentado pela nossa santidade. Como dizem as Constituições, "é a santidade dos missionários que evangeliza". Agora vivemos isso mais intensamente e percebemos que depende do cultivo interior. Procuramos viver cada vez mais ancorados em nós mesmos.
A Vida Espiritual diz: "Quem diz que veio aqui só para ser missionário está errado. Não é assim. É impossível querer tornar os outros bons sem ser bom primeiro".
Trata-se de evangelizar por irradiação: "Não posso abandonar a piedade e ajudar apenas os outros".
Por isso, a oração é importante: "um sacerdote que não reza muito não é um verdadeiro sacerdote, e o que dizer de um missionário? Como podemos fazer o bem se não estamos unidos a Deus? Não se pode abandonar a oração dizendo que é preciso trabalhar. O mesmo pode ser dito do estudo, porque quem trabalha é Deus".
Essa é a chave para permanecer unido a Deus: "é necessário viver recolhido, evitando a dissipação. Adquirir o hábito do recolhimento exige tempo e esforço... Não faz sentido o silêncio externo se não houver silêncio dentro de nós".
Procuramos manter a mente fixa em Deus, viver e agir na presença de Deus. "Viver continuamente na presença de Deus é um dos meios mais eficazes para alcançar a santidade". Essa é a essência do que o Fundador viveu e ensinou.
Sua paternidade espiritual também nos toca profundamente: estar atentos às pessoas concretas. Permanecendo no Santuário da Consolata em Turim, ele acompanhou muitas pessoas; e sabia também acompanhar os missionários lendo os diários de missão e a correspondência. Vemos nele a primazia da pessoa e a importância que dava à escuta e ao acompanhamento.
Sua espiritualidade mariana nos mostra Maria como a mulher que escuta a Palavra, a mulher atenta, a mulher mãe, a mulher missionária, a mulher fiel, a mulher comprometida com a história e a realidade dos mais pobres, e também crítica em relação aos métodos usados pelos poderosos. Vivemos tudo isso em nossa espiritualidade cotidiana, não com os meios do rosário, mas com uma espiritualidade mariana diária.
Vivemos também a Eucaristia como fonte de espiritualidade, de relação com Deus e de relação com a comunidade. Mais do que uma obrigação ou devoção, é um encontro pessoal com Deus e uma fonte de dinamismo missionário. Preparamo-la com amor, vivemos nela em Deus e nos projeta para o encontro com a assembleia após a celebração.
Vivemos intensamente o espírito de família do fundador. Encaramos isso em nossa fraternidade e com todas as pessoas que se movem ao nosso redor. Dedicamos tempo, amor e atenção para transformar nossa comunidade em um espaço de diálogo de qualidade; dispostos a nos mostrar como somos e à conversão. Procuramos nos libertar da tentação de observar o que os outros fazem ou vivem ou não fazem ou não vivem. Nos concentramos em um caminho pessoal de conversão que tem consequências em nossa vida fraterna.
Outro aspecto da espiritualidade de José Allamano que vivemos no cotidiano é a eclesialidade, a inserção na diocese. Procuramos oferecer o que somos e vivemos como missionários nas reuniões do vicariato e nas paróquias onde servimos. Queremos ser fermento e levedura nesta Igreja local fazendo "o bem bem feito e sem fazer barulho".
Consideramos o Fundador como um "anão que se manteve nos ombros de gigantes". E os gigantes são santos como Pedro, João, Paulo, José Cafasso, Jerônimo, João Crisóstomo, Agostinho, Bernardo, Domingos, Francisco de Assis, Clara, Tomás de Aquino, Catarina de Siena, Inácio de Loyola, Francisco Xavier, Filipe Neri, Teresa de Ávila, Francisco de Sales, Afonso de Ligório, João Maria Vianney, Pedro Chanel, João Bosco e Teresa de Lisieux, só para citar alguns.
José Allamano permaneceu sobre seus ombros, o que lhe permitiu ver além do horizonte; sob o impulso do Espírito, soube subir nesses gigantes para enxergar mais profundamente e ler os sinais dos tempos em que vivia.
Jesus morreu na cruz e nós estamos destinados a morrer pelo Reino sem que isso seja um drama. Vivemos livres da ansiedade de perpetuarmos a nós mesmos ou de pensar no que será de nós ou em como sobreviveremos. Estamos de passagem e Deus está chamando outros missionários da Consolata de muitos outros lugares do nosso mundo.