Assembleia Pós Capitular: Um novo olhar para a missão

Queremos buscar linhas operativas para a organização do Instituto no continente americano para produzir frutos concretos na obra de evangelização.

Por Cleber Pires *
Fotos: Dimensión Misionera

Os Missionários da Consolata presentes no continente americano reuniram-se entre os dias 5 e 10 de março, para uma Assembleia Pós Capitular para a América, em Bogotá, Colômbia. Diante dos documentos do XIII Capítulo Geral, realizado em maio de 2017, a Assembleia teve como objetivo criar linhas comuns, operativas e eficazes para as Conferências Regionais e atuação no continente.

Padre Aquiléo Fiorentini, superior da região Brasil fala sobre as suas expectativas

 

padre_aquileo_fiorentiniDepois de participar do Capítulo Geral em Roma, tenho novamente a graça de participar da Assembleia Pós Capitular aqui em Bogotá, na Colômbia, que tem como objetivo fazer encarnar no continente as linhas guia que o Instituto reunido deu a seus missionários e à sua missão, para que possam realizar no mundo a missão descrita nas Constituições e desde a fundação no espírito do Bem-aventurado José Allamano, que fundou o Instituto para a evangelização dos povos.
Esta Assembleia quer de verdade tornar eficaz as decisões que foram tomadas no Capítulo Geral, e aqui participando nestes dias com os meus colegas, as expectativas que eu experimento e desejo que se realizem verdadeiramente são de oferecer ao universo do continente americano um serviço qualificado, qualificando o nosso trabalho, dentro do espírito da continentalidade, respeitando a realidade que nos acolhe neste continente.
Então, a partir da leitura da realidade, nós queremos buscar linhas operativas para a organização do Instituto no continente americano para produzir frutos concretos na obra da evangelização.
Dentre os fatores que eu estou percebendo como elementos que possam levar ao sucesso da Assembleia estão a presença da Direção geral no seu todo, acompanhando os superiores de circunscrições e as pessoas que representam os âmbitos e serviços que o Instituto leva à frente no continente. E tudo, não para outra coisa, senão para melhor evangelizar os povos e as áreas ainda não evangelizadas para, como Jesus, ajudar as pessoas que vivem em situações de sofrimento e isolamento, desenvolvendo a promoção humana e tentando dar respostas ao grito dos povos do continente que chegam até nós.
Nestes dias estamos partilhando as experiências e os testemunhos dos missionários que vêm das diversas circunscrições do continente. Nós nos sensibilizamos entre elas, particularmente, com a situação da Venezuela.
Tive também a graça de testemunhar a grande quantidade de pessoas que vem da Venezuela, e passando por Pacaraima, município brasileiro do estado de Roraima, na fronteira com a Venezuela, pude testemunhar situações em que os indígenas Waraos particularmente, vivem situações de necessidade e que precisam do nosso apoio, sem contar também todos os outros grupos, que da Venezuela também vêm em direção ao Brasil.
Dentro deste trabalho que estamos realizando, percebo que de certo modo estamos nos espelhando em Maria, mãe de Deus, e mãe nossa, sob o título de Consolata, Consoladora dos aflitos, e é ela que de um modo ou de outro está nos indicando o jeito de como devemos nos aproximar das pessoas mais vulneráveis, sem deixar de lado as orientações e as inspirações do nosso Pai Fundador, o Bem-aventurado José Allamano, que como homem santo e de uma grande praticidade nos pede para anunciar Jesus e elevar a qualidade de vida dos homens e mulheres deste continente.
E é claro que somos desafiados por uma pessoa que por estes dias será considerada santa, o Bem-aventurado Oscar Romero, valente defensor dos oprimidos, e isto deve “por fogo” e já está.
Percebi isso na Assembleia do dia 7, quando ficamos todos sabendo que o Papa Francisco vai canonizar dom monsenhor Oscar Romero, e então percebi uma grande comoção, alegria e por assim dizer “agora também o exemplo deste santo e a intercessão dele vai também nos ajudar a enfrentar as situações que nós estamos enfrentando nos tempos atuais”.
Gostaria de destacar que tudo isto que estamos fazendo, estamos fazendo em espírito de família como comunidade multicultural com representantes de missionários dos continentes e de várias nações com este espírito de família tão desejado pelo nosso Pai Fundador.

Padre Manolo Loro, superior da Região da Amazônia, fala sobre a realidade no contexto atual da Amazônia

 

padre_Manolo_LoroPara mim, como superior da Amazônia e para a nossa região, esta Assembleia está nos levando a retomar as situações que foram apresentadas no Capítulo Geral em 2017, a fim de aprofundar ainda mais para uma renovação, sobretudo, em vista de uma nova missão no contexto atual do país, diante de toda situação política, social, econômica e lembrar que temos a realidade dos povos indígenas. Portanto, temos uma situação muito grave que acredito que através desta Assembleia as observações que temos que fazer, como também na Conferência Regional, devem ser bem reforçadas para caminharmos juntos e acompanhar estes povos também em sua caminhada.

Padre Jaime Carlos Patias, Conselheiro Geral para a América, afirma que precisamos pensar nos novos modelos de missão e sermos missionários para o futuro

 

Padre_Jaime_Carlos_PatiasOs Missionários da Consolata no mundo vivem um momento muito importante depois do XIII Capítulo Geral. No momento, estamos realizando as Assembleias Continentais, já realizamos no continente europeu e africano, em breve realizaremos também na Ásia no mês de maio.
Esta Assembleia Pós Capitular é um momento importante, porque estamos em um processo que vem de muito tempo e queremos olhar a realidade de hoje à luz daquilo que é a memória histórica da Congregação e da missão que realizou no continente ao longo de todo esses anos (70/80 anos), e também queremos levar o Instituto a pensar no futuro, “qual o estilo de missão para o futuro?”, ou seja, para os próximos 10, 20 e 30 anos, “Onde queremos chegar e estar? Que tipo de missionários queremos ser?”
Então chegou o momento de uma missão mais discreta, mais humilde, solidária, fundada mais no ser do que no fazer, com estruturas simples, mai ligadas ao Espírito de Deus, fundada especialmente no testemunho, no encontro, na partilha e na presença.
Por isso, é necessário uma mudança de visão e mentalidade dos nossos missionários e nós estamos neste processo de conversão.
Com este encontro aqui em Bogotá, vivemos mais um tempo de graça de discernimento, mas também de coragem e audácia, de ousadia para por em prática as decisões que tomamos no Capítulo Geral, no Projeto Missionário Continental e agora nesta Assembleia Pós Capítulo Geral.
Nós aqui reunidos estamos vivendo um momento muito bonito, somos missionários proveniente de vários países e várias culturas, essa pluralidade está mostrando muita unidade e o continente está vivendo esse espírito. O Instituto no continente também faz parte do Instituto nos outros três continentes, Ásia, África e Europa. E nesse processo analisamos a realidade e precisamos conhecê-la bem para também transformá-la. Eu ousaria dizer que já conhecemos profundamente a realidade da Congregação e dos contextos onde atuamos, agora é hora de ações concretas para transformar cada missionário, nossas comunidades, as regiões e o continente.
O nosso Fundador, o Bem-aventurado José Allamano queria missionários zelosos e santos. Ele dizia “No Instituto se estuda para a missão, se pensa missão, se vive para a missão”. Para nós, no continente americano o Bem-aventurado José Allamano é um modelo de discípulo missionário, homem profundamente arraigado em Deus e centrado naquilo que é essencial na Igreja, a missão. E tudo para ele era missão, nada era sem a missão.
Por isso nós estamos também recuperando esse espírito que vem do nosso Fundador, e estamos reunidos com muita confiança, construindo também o nosso projeto, a nossa programação continental, para que as conferências regionais que vamos realizar nos próximos meses, também coloquem em prática nos diversos países (atuamos em 9 países no continente da América atualmente), e assim renove também esse compromisso que temos com as igrejas locais, assim como a animação missionária, buscando incentivar e suscitar vocações para as missões, trabalhando na formação de discípulos missionários, também nas famílias, jovens, leigos missionários, leigas missionárias e queremos agradecer a Deus porque ele nos proporciona este momento de graça e pedir as suas bênçãos para que todo o trabalho que aqui está sendo feito surta efeito em nossos vários compromissos nas várias opções e serviços que prestamos a tanta gente neste continente.

Padres James Mwaura Mbugua e Job Masyula, comentam

 

padre_jamesPara mim é um momento oportuno aqui esta assembleia continental, percebo que na verdade todos nós como continente americano estamos pensando numa linha, pensando, refletindo e rezando junto aquilo que nos une na missão. Assim como sonho do nosso Fundador, nós estamos pensando no nosso carisma hoje no continente América. Continuemos rezando pela Assembleia e com certeza tenho muitas expectativas que vamos ter coisas boas para o continente.

padre_jobO encontro para mim está sendo uma riqueza muito grande que irá nos ajudar a caminhar como Região. A formação nos leva a refletir sobre a pessoa do missionário, mas também da formação de base, vejo como um momento de graça, momento que Deus proporcionou à nossa congregação para que possamos ir caminhando e pensando, sobretudo, na pessoa do missionário desde a formação de base até a formação permanente.
Rezem por nós, para que estas propostas tragam a mudança que nós precisamos para enfrentar a nossa caminhada evangelizadora neste tempo. Estaremos rezando por vocês.

* Cleber Pires é comunicador social e profissional de marketing na revista Missões.