Missionários em Aparecida

Missionários da Consolata realizaram romaria no dia 23 de julho, celebrando 80 anos de presença no Brasil.

Por Paulo Mzé

Os Missionários da Consolata no Brasil realizaram no dia 23 de julho uma romaria ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida (SP). A romaria foi organizada durante o Ano Nacional Mariano, comemorado em todo o Brasil por determinação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), celebrando os 300 anos de encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida nas águas do Rio Paraíba do Sul.

Os missionários concelebraram na missa das 10h00, que foi presidida por Dom Elio Rama, imc, atual bispo diocesano de Pinheiro (MA).

elioramaDurante a Liturgia da Palavra, na homilia, dom Elio partilhou a liturgia do dia. Começou saudando a todos os romeiros, bem como os missionários da Consolata, que comemoram 80 anos de presença no Brasil.

Como tem acontecido nestes últimos domingos, a Palavra de Deus continua a nos proporcionar a escuta do Senhor Jesus que, sentado na barca, nos fala de um grande tema bíblico: o Reino de Deus. O que motiva a todos a permanecermos atentos. Como aquelas pessoas que outrora estavam à beira do mar afirmavam: “Nunca nenhum homem falou assim...” Segundo dom Élio, citando o papa emérito Bento XVI, o Reino de Deus, assume as dimensões: cristológica, mística e eclesiológica.

No dia em que a liturgia apresentava três parábolas: a do trigo e do joio semeados no campo do mundo e do nosso coração; a do grão de mostarda que cresce e abriga as aves dos céus e, finalmente, a do tiquinho de fermento que leveda toda a massa.

Segundo dom Élio, as parábolas mostram a fraqueza do Reino, sua fragilidade escandalosa, ao mesmo tempo mostra a sua força invencível, seu poder, sua capacidade de tudo impregnar e transformar, até chegar à vitória final. Para compreender os mistérios do Reino é necessário ter paciência e sabedoria. Porque, Deus não quer a destruição do pecador, muito menos o desligamento dos maus. “Ele é paciente e misericordioso, lento para a ira e rico em misericórdia”. Na construção do Reino de Deus, como discípulos missionários é preciso ter muita paciência e esperar o momento certo para a separação final na colheita. Esta paciência de Deus com o joio nos convida a rejeitar as atitudes de rigidez, de intolerância, de incompreensão, de vingança e a contemplar as pessoas (com suas falhas, defeitos...) com olhar compreensivo e paciente de Deus.

As parábolas também nos ensinam que Deus está sempre atento a tudo aquilo que acontece na nossa vida, nas nossas comunidades cristãs, onde vemos presente o joio da desunião, da inveja, de fofocas... Nossa atitude diante de tudo isso, muitas vezes, tem vida, arrancar o joio. Ao invés de termos paciência e usar do perdão, da misericórdia, do amor e da humildade.

Muitas vezes nos esquecemos que o mal e o bem se misturam no mundo, nas comunidades cristãs, na vida e no coração das pessoas, por melhor que elas sejam. “Nos esquecemos que o Reino de Deus é um mundo onde existe o trigo e o joio, a guerra e a paz, alegria e inquietações...”, disse o bispo. Nos esquecemos que o joio de hoje poderá se tornar amanhã o trigo de Deus? Nos esquecemos que dentro de cada um de nós existe tanto o trigo, quanto o joio. Cristo Jesus continua, ainda hoje, repetindo a toda humanidade: “Deixai crescer junto, até a colheita”.

O nosso Deus é um Deus presente, atento, um Deus que cuida de nós com amor e com amor vela por nós, suas criaturas! Não duvidemos, não percamos de vista esta realidade: no mundo de hoje onde a ganância massacra, há mortes sem motivos, corrupção,... Deus está presente, Ele vê tudo... Ele cuida de nós!

As parábolas nos falam também das preocupações, à medida que vemos que o trigo cresce em meio a todas essas situações difíceis, mas, que supera as forças negativas. Para combater e vencer é preciso ter a paciência de Deus, dando tempo para que o Reino possa acontecer no mundo e não fora dele. A paciência de Jesus nos mostra que é possível tudo isso rejeitado o pecado e perdoando o pecador, acolhendo ao invés de excluir.

Jesus nos ensina a paciência em relação ao mal que vemos na sociedade, nas comunidades e nas pessoas. Muitas vezes somos impacientes, querendo que a sociedade mude do dia para noite em relação as injustiças e à corrupção... Queremos que as nossos comunidades sejam perfeitos de um momento ao outro...

Queremos que os nossos filhos mudem repentinamente, deixando os vícios, os males... Queremos que todas as pessoas atuem como nós nas vários tarefas, nas pastorais e movimentos.

Jesus nos ensinou como viver e conviver em meio aos conflitos. Aprendamos das palavras e dos gestos do nosso Mestre Jesus.

As parábolas trazem a mensagem a todos nós. Que como discípulos missionários devemos ser a semente de mostarda, pequenina, insignificantes, mas, que cresce até aninhar os pássaros em seus ramos. Como discípulos missionários devemos ser fermento, que leveda toda a massa da farinha, faz crescer todos os que estão à sua volta, transforma o mundo onde vivemos.

Depois da celebração eucarística, outro momento que aconteceu entre os missionários da Consolata como família, foi o almoço servido em um dos restaurantes nos acessos ao Santuário Nacional.

A romaria, para muitos missionários da Consolata, em Ano Mariano Nacional e na celebração dos 80 anos de presença missionária, no Brasil, não pode ser mera comemoração devocional mariana, mas uma continua lembrança e encorajamento de que o acontecimento divino em Maria há dois milênios se repercute ainda na vida dos que acolhem com boa vontade a Palavra de Deus.

Paulo Mzé, imc, é diretor da revista Missões.