Apaixonado pela Missão

Seminarista dá testemunho de sua vocação.

de José Brás

Nasci em Cabo Verde, Pedra Badejo, no ano de 1971. Era o terceiro filho do casal José e Amália, na altura ambos professores na escola primária. Depois de mim nasceram mais três irmãos, dois deles já em Portugal, para onde nos mudamos, meu pai em 1975 e, nós, os filhos, com a mãe, em 1976. Tanto a família da minha mãe como a do meu pai eram muito católicas e tanto o meu pai como a minha mãe pertenceram aos movimentos de Ação Católica, e de Legião de Maria e também eram catequistas na paróquia.
Em Portugal fui crescendo, estudando e, em diversos períodos, trabalhando em part-time ou em trabalhos temporários. Graduei-me em Física, pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, em 1999. O meu primeiro trabalho depois da graduação foi na área da informática na Embaixada de Cabo Verde em Lisboa. Quando em fins de 2012 deixei a minha casa para passar a viver numa comunidade dos missionários da Consolata em Portugal, eu pertencia ao quadro permanente do CENFIM - Centro de Formação da Indústria Metalúrgica e Metalomecânica, onde entre outras atividades de caráter mais organizativo, dava também aulas de Matemática, Física, Química e Ciência dos Materiais.
O desejo de seguir uma vocação na vida sacerdotal ou religiosa surgiu em mim ainda durante a adolescência. No entanto, o passo no sentido de entrar para o seminário nunca se concretizou e, depois na faculdade, me convenci mesmo que meu caminho era, efetivamente, outro. Comecei a ajudar como catequista, na paróquia de São Jorge de Arroios-Lisboa, aos 16 anos, mas, mais tarde, quando me mudei para a área do Zambujal, que pertencia à paróquia da Buraca, eu somente ajudava na animação musical das celebrações.

Consolata
Também colaborava muito com a Pastoral dos imigrantes africanos da diocese de Lisboa, que era então coordenada pelos missionários espiritanos. Foi só no ano de 2003 que tive o primeiro contato com os Missionários da Consolata, quando eles assumiram a comunidade do Zambujal para aí desenvolver a sua atividade pastoral e missionária. Foi aqui então que a minha vida começou a mudar. A maneira como os missionários e as missionárias da Consolata trabalhavam me cativou e me envolveu. Da equipe que trabalhava no Zambujal, também faziam parte os Leigos Missionários da Consolata e os Jovens Missionários da Consolata.
Primeiro com a orientação do padre Matias e depois com a do padre Mauricio Guevara, a comunidade do Zambujal se desenvolveu muito bem nesse período, no qual, posso dizer, que me apaixonei pela missão. De fato, muito da minha vida já se tinha organizado ao redor das atividades da Consolata. De tal maneira que aí por fins de 2011 já me encontrava decidido a procurar uma possibilidade de fazer uma experiência missionária em alguma missão da Consolata. Nessa altura, ainda nem me passava pela cabeça que ainda o pudesse fazer como religioso. Foi só quando manifestei esse desejo que fui desafiado, pelos padres que me conheciam, a consagrar minha vida inteiramente para a missão. Já não acreditava que isso seria possível, mas depois de uns meses de discernimento fiz a opção de pedir para ser aceito no Instituto Missões Consolata, para seguir uma vida religiosa, consagrada para a missão.
Tendo sido aceito esse meu pedido, começou, então, todo esse percurso que me trouxe até aqui ao Brasil, passando por Águas Santas, no norte de Portugal, com o postulantado e os estudos da parte filosófica, e o Quênia, onde fiz o meu noviciado. Neste momento me encontro no seminário João Batista Bísio, em São Paulo, estudando teologia. A atividade pastoral tem lugar na paróquia de São Sebastião e Maria mãe de Deus, no Grajaú. Aí, a mim e ao meu confrade de seminário, Richard, foi-nos dada pelo pároco a responsabilidade da pastoral da juventude e também a dos acólitos e coroinhas.

José Brás, imc, é estudante de teologia em São Paulo, SP.