Não basta ter devoção à Mãe, é necessário senti-la no coração, porque é uma devoção do coração.
Por Francesco Pavese *
Um sacerdote de Turim deixou escrito: “tive muito contato com Allamano, que me ajudou a construir a igreja paroquial. Ele foi não só um padre que me deu o pão, mas também um santo que consolava e que tinha a Consolata no bolso”. Com estas palavras de saber popular, aquele sacerdote pretendia afirmar que Allamano vivia de pleno acordo com a Consolata.
Muitas pessoas se davam conta e testemunhavam que o padre Allamano amava sinceramente a Mãe. Era uma afirmação característica dele: “não basta ter devoção à Mãe, é necessário senti-la no coração, porque é uma devoção do coração”. O comentário de um missionário: “para mim, estas poucas palavras são mais importantes do que um livro inteiro”.
Um dia, Allamano confidenciou a uma pessoa: “se eu fosse escrever a história das consolações da Mãe em 40 anos que estou no Santuário, deveria dizer que são 40 anos de consolação. Eu também tenho passado por dores e sofrimentos, mas com a Mãe é sempre tudo ajeitado. Também agora, se vejo que as coisas não vão bem, vou até a Mãe e sinto que ela me consola”.
Quando foi destinado pelo bispo como reitor do Santuário da Consolata, Allamano iniciou de repente uma obra de renovação em duas direções: a restauração material do templo velho e decadente, mas, sobretudo, a renovação no povo cristão, da devoção mariana. E seu esforço valeu a pena, tanto que hoje ele é recordado como o apóstolo da Santíssima Virgem Consolata.
Santuário restaurado
Os sacerdotes seus colaboradores deixaram testemunhos entusiasmados, porém, quem reportamos aqui é o seu empregado, um jovem pouco instruído, que veio do campo, mas fiel ao serviço e rico de bom senso: “o arcebispo de Turim nomeou Allamano reitor do Santuário da Consolata quando ele não tinha nem 30 anos. Naquela época, o Santuário estava em decadência, seja pelo lado artístico, seja pelo lado religioso. Funcionava mal e era pouco frequentado pelos fiéis. Ele se dedicou rapidamente com grande zelo para restaurar o necessário. Dotou o Santuário de ricos paramentos. Sobretudo, instaurou pontualidade e recuperou o esplendor das sagradas funções. Queria que o local estivesse sempre bonito e polido, e ele mesmo ensinou a manusear a escova para ser bem polido, do jeito que ele desejava. Cuidou para que não faltassem os confessores, de modo que os fiéis pudessem usufruir do ministério. E ele mesmo cada manhã passava longas horas no confessionário, tanto que eu, que devia servir-lhe o café da manhã, achava esquisito porque tantas vezes às 9h30 ele ainda estava lá. Sob seu reitorado, o Santuário adquiriu vida e esplendor, tanto que passou a ser o centro da vida religiosa de toda Turim”.
Ainda um aspecto. Também em sua obra em favor da missão, estava estampado seu amor à Mãe. Aos dois Institutos missionários, deu o nome da Consolata e dizia com certa satisfação aos seus filhos: “não podemos pronunciar o vosso nome sem nomear também a Mãe”. Afirmava sempre que os Institutos nao eram obra sua, mas da Mãe, tanto que refutava o título de Fundador. Queria que os seus missionários e suas missionárias se convencessem que a fundadora era a Consolata. E esta afirmação, repetia muitas vezes.