Eu não tenho muitos anos de vida, mas mesmo que os tivesse, gostaria de empregá-los para o bem, e fazê-lo bem feito”. Eu penso como São José Cafasso: o bem deve ser bem feito e sem barulho. (José Allamano)
Por Giacomo Mazzotti
José Allamano não tinha ainda 7 anos, era uma criança, quando sua mãe, Marianna, o apresentou ao tio, padre José Cafasso, que viera à sua cidade natal, Castelnuovo, para fazer-se mediador numa pequena causa que estava acontecendo entre católicos e valdenses. Muitos anos mais tarde, em 1925, Allamano já idoso, voltando à sua terra para celebrar aquele seu parente que se tornara Bem-aventurado, quis sentar-se na mesma cadeira de onde o tio o tinha abençoado. Aquele foi um encontro ocasional, mas a lembrança se fixou na memória do pequeno Allamano, a ponto de plasmar seu pensamento e seu estilo de vida. Até o papa Pio XI, na carta que lhe escreveu por ocasião do seu Jubileu de 50 anos de sacerdócio, escreveu: “parece que teu tio José Cafasso, o nomeou herdeiro do seu espírito...”.
Era tamanha a estima que o sobrinho tinha pelo tio, que não se satisfez de tê-lo conhecido pessoalmente; pensou que ele poderia ser um grande dom para a Igreja, em especial para os sacerdotes. Por isso, começou a recolher os escritos e os testemunhos de santidade do tio Cafasso, em vista de uma possível causa de beatificação, como de fato aconteceu. Allamano teve a alegria de presenciar, ao término da sua vida, a proclamação do tio como Bem-aventurado, o que ocorreu em 3 de maio de 1925, em Roma, pelo papa Pio XI.
Modelo de virtudes
Numa conferência aos seus missionários, Allamano afirmou: “introduzi esse processo, não tanto pelo afeto que tinha por meu tio ou pelo parentesco, mas pelo imenso bem que a exaltação deste homem poderia trazer a todos os que, lendo suas virtudes, pudessem se tornar ótimos sacerdotes, bons cristãos e avós, corajosos missionários”. Cafasso tornou-se assim na boca de Allamano, modelo de inúmeras virtudes: como o amor de Deus, isto é, aderindo plenamente à vontade de Deus; a devoção a Maria, a “segunda mãe” que nos ama mais que a primeira; o espírito de oração, a esperança e a confiança em Deus... mas, sobretudo o princípio de “fazer o bem, bem feito, nas coisas simples de todo dia, com constância e sem barulho”. É neste ponto que sobrinho e tio encontram-se em perfeita sintonia.
Voltando de Roma, depois da beatificação, o Fundador assim escrevia aos missionários e às missionárias: “O Bem-aventurado José Cafasso é agora nosso especial protetor e como dizeis vós,o vosso tio; e como tal, deveis honrá-lo e imitar-lhe as virtudes. Do céu, ele será poderoso intercessor para todas as vossas necessidades, e como ele se preocupou tanto pela salvação das pessoas, vos ajudará no trabalho das Santas Missões... Eu penso que com isso, eu vos proporcionei um grande meio de perfeição, e em parte, cumpri a minha missão a vosso respeito”.