Nas pegadas da Bem-aventura Irmã Irene Stefani

A vida e a missão da Bem-aventurada Irmã Irene Stafani, foi tema de encontro que reuniu os participantes dos capítulos gerais dos missionários e das missionárias da Consolata, assembleias que acontecem em Roma e Nepi, na Itália. Um grupo de Leigos Missionários da Consolata (LMC) também esteve nas jornadas de reflexão, nos dias 25 e 26 de maio, na Casa Geral do Instituto Missões Consolata (IMC) em Roma.

Por Jaime Carlos Patias
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Participantes do XIII Capítulo Geral dos Missionários da Consolata. (Foto: Arquivo)

Nascida em Anfo, norte da Itália, em 1891, Irmã Irene foi uma das primeiras religiosas a entrar na congregação, tendo sido recebida pelo próprio Fundador, o Bem-aventurado José Allamano. Logo após o noviciado, partiu para África, em 1915, onde trabalhou primeiramente na Tanzânia e depois no Quênia. Faleceu a 31 de outubro de 1930, com apenas 39 anos, deixando um exemplo de dedicação que lhe rendeu o título de "Mãe misericordiosa”. Foi beatificada dia 23 de maio de 2015, no Quênia.

A programação do encontro abriu com um panorama histórico do Quênia, país africano que recebeu em 1902, os primeiros quatro missionários da Consolata, dois padres e dois leigos, na aldeia de Tuthu, região de Murang’a, habitada pelo povo Kikuyu. Os primeiros anos foram dedicados ao estudo da língua local e adaptação ao ambiente de agricultores e pastores.

Padre James Bhola Lengarin, administrador IMC do Quênia, destacou a importância do método missionário dos pioneiros na missão revisitando os documentos da Conferência de Murang’a, encontro histórico realizada nos dias 29 de fevereiro a 03 de março de 1904, com a participação de dez missionários da Consolata italianos. Nessa primeira Conferência, a oração e a planejamento foram determinantes na elaboração do método missionária adotado ao longo da história no trabalho da Congregação em todo o mundo.

“Os dez padres participantes (da Conferência) acreditavam que essa iniciativa era importante e necessária para avaliar a maneira como tinham atuado por três anos e planejar o futuro”, explicou padre James. “O principal problema era a forma de interagir com as pessoas que tinham encontrado, o povo Kikuyu. Então, eles discutiram os seguintes pontos: catequese, escolas, visitas às aldeias, os dispensários e a formação do ambiente (no campo da educação e saúde)”.

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Reflexão em Grupo. (Foto: Jaime C. Patias)

Em sua reflexão, padre James fez notar que para os missionários, “a atividade mais importante eram as visitas às aldeias feitas todos os dias, exceto aos domingos, e uma vez por semana, duravam todo o dia”. Eles consideraram isso uma ótima maneira de serem identificados de forma diferente dos outros estrangeiros que chegavam à região. A unidade no trabalho era essencial para dar um verdadeiro testemunho no anúncio do Evangelho.

No final das viagens pelas aldeias, os missionários faziam uma síntese das atividades, com o mapa do território visitado, as impressões positivas e negativas. “A reação das pessoas geralmente era positiva e a frequência das visitas aumentou”.

As escolas e os catequistas eram consideradas elementos importantes para a promoção humana e a evangelização que sempre andaram juntas.

Os primeiros quatro anos representaram o teste decisivo para a metodologia na missão da Congregação fundada em 1901 pelo Bem-aventurado José Allamano. Em uma carta de 6 de maio de 1904, o Fundador manifesta sua “aprovação total ao excelente resultado da reunião de Murang'a determinando que suas decisões, sem exceção, fossem seguidas por todos”. Para Allamano, “tudo era para a missão”.

Irmã Irene Stefani
Em 1910, Allamano fundo também a Congregação das Missionárias da Consolata que, em 1913 enviou as primeiras 15 irmãs ao Quênia para trabalharem em comunhão com os missionários. Irmã Irene Stefani partiu em 1915.

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Celebração Eucarística. (Foto: Jaime C. Patias)

No encontro em Roma, a vida e a obra dessa santa missionária, foi apresentada pela Irmã queniana, Joan Agnes Matimu. Irene primeiramente trabalhou na Tanzânia como enfermeira da Cruz Vermelha, durante a 1ª Guerra Mundial. A missionária chegou no povoado de Gikondi, no Quênia, em maio 1920, ou seja, 16 anos depois da famosa Conferência de Murang’a, mas fez dela o seu ideal na missão. “A religiosa foi exemplar na prática dos princípios missionários desse documento tanto que em apenas dez anos alcançou a santidade”. O seu programa de vida: “Só Jesus! Tudo com Jesus... Toda de Jesus... Tudo para Jesus... Nada para mim”.

A sua proximidade com os catequistas os transformava em verdadeiros testemunhas do Evangelho feito estilo de vida. Irmã Irene também trabalhava na escola, mas era nas visitas às aldeias que ela se “encontrava com as pessoas e com as almas”, conforme costumava dizer. Por isso que lhe deram o nome de “Nyaatha”, mãe toda misericórdia.
“Irmã Irene não queria somente o bem aos africanos, mas tinha necessidade deles como uma mãe precisa de seus filhos... Totalmente mulher, Irene tem sempre algo para dar do pouco que tem à sua disposição, mas acima de tudo ela oferece o que é”, relatou Irmã Joan Agnes e questionar a assembleia: “O nosso método de fazer missão, em que se distingue dos outros? Irmã Irene nos ensina ainda hoje, a humildade de quem faz as coisas que sente no coração, o ser conhecido e chamado pelo nome missão. Caminhar com o povo no coração da aldeia para fazer o trabalho de Deus”, complementou.

O cuidado com os doentes e a educação das crianças feito com grande caridade e misericórdia completam a obra da Bem-aventurada. “O seu diálogo com as pessoas é absolutamente livre. Como uma mãe, ela falava segundo o coração do ouvinte. Usava a linguagem e a teologia que sabia”. Com isso, realizou mais de 4.000 batismos.

Hoje encontramos a vida e a missão da Irmã Irene nos apelos do papa Francisco por uma Igreja em saída missionária. “Cada cristão e cada comunidade há de discernir qual é o caminho que o Senhor lhe pede, mas todos somos convidados a aceitar esta chamada: sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho” (EG 20).

O resgate histórico e a atualização da vida da Bem-aventurara Irene Stefani, estudo realizado por uma equipe de missionários quenianos, e apresentado pelo padre James Lengarin e a Irmã Joan Agnes, lançam luzes para repensar a missão, objetivo central dos capítulos gerais.

No segundo dia do encontro, padre José Frizzi, IMC, apresentou uma reflexão teológica-cultural sobre o milagre da “multiplicação da água” ocorrido por intercessão da Irmã Irene Stefani em 1989, na Missão de Nipepe, norte de Moçambique.

Mensagem do padre Pendawazima, Vice-Superior, imc.

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Equipe de Comunicação XIII Capítulo Geral
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