Um acordo com 200 agricultores da aldeia de Gambo, na Etiópia, permitiu melhorar a segurança alimentar de centenas de famílias e assegurar uma maior participação da população no apoio ao hospital local, gerido pelos missionários da Consolata.
22/08/2015 | Francisco Pedro
Partindo do provérbio chinês, que não se deve apenas dar o peixe a quem dele precisa, mas também ensinar a pescar, os missionários da Consolata na Etiópia criaram um projeto de apoio aos agricultores da aldeia de Gambo, que serviu também para sensibilizar a comunidade e levá-la a apoiar de forma mais efetiva o Hospital Rural local, construído e gerido pela missão, desde a década de sessenta do século passado.
Ao abrigo deste programa, que envolveu o investimento de pouco mais de 7.000 euros, foi assinado um acordo com 200 agricultores, a quem foram fornecidas sementes de trigo e fertilizantes. Os camponeses, por sua vez, comprometeram-se a doar um quinto da colheita ao hospital, garantindo assim o reforço da matéria-prima que serve de base a muitas das refeições fornecidas aos utentes da unidade de saúde.
Situada na província de Arsi, na região de Oromia, a 245 quilómetros da capital Addis Abeba, a aldeia de Gambo está cercada por bosques. Tem cerca de 2.000 habitantes, mas a sua zona de influência abrange uma área com meio milhão de moradores. A principal estrada de acesso é em terra batida e de difícil circulação, sobretudo durante o período de chuvas, e a maior parte da população vive da agricultura de subsistência e das trocas diretas, sem envolvimento de moeda.
Como a generalidade dos camponeses está excluída das transações comerciais e do acesso ao crédito, e o poder de compra de sementes e fertilizantes é praticamente nulo, os missionários avançaram com o projeto de parceria, que garantia por um lado um sistema de troca, e por outro, que o hospital passaria a ter o fornecimento regular de trigo. Ao mesmo tempo, os agricultores entravam num sistema que os livrava das eventuais crises económicas e asseguravam a segurança alimentar das suas famílias.
O Hospital Rural de Gambo está dotado neste momento com 150 camas e é o único centro sanitário em funcionamento no distrito de Kore. Atende uma média de 250 pacientes por dia, revelando-se fundamental para o desenvolvimento económico-social da população, que não pode permitir-se a deslocações às grandes cidades, por falta de meios e de estradas em razoável estado de conservação.