Por Giacomo Mazzotti*
Lembrarei para sempre das pessoas que com seus conselhos, me ajudaram na minha vocação. Recordo de um fato, quando havia completado meus estudos primários. Minha boa mãe já estava doente. Meu irmão mais velho me dizia sempre: venha ao colégio comigo. Eu teria ido, mas me entristecia deixar a mãe.
Um dia, um sacerdote veio em casa, acompanhado do prefeito, para visitar minha mãe. Ao ver-me aí, disseram: o que aquele menino está fazendo? Mande-o estudar. Minha mãe respondeu: deixo-lhe fazer o que ele quer. Interrogado, não sabia o que responder e comecei a chorar.
Depois daquela conversa, decidiram que começasse a estudar. Vejam, da palavra daquele bom prefeito, decidi entrar no seminário, antes, ficava ali... sem nada pra fazer. Eu deveria estar de joelhos com o rosto inclinado a vida toda para agradecer ao Senhor pela minha vocação.
Fui sacristão por três anos no seminário e me glorio disso mais que outra coisa. Naquele tempo, era um problema se alguém não recebesse a comunhão todos os dias! Era terrível! Eu agradeço ao Senhor por ter um companheiro com quem fazia a comunhão cotidiana, e depois de alguns anos, todos os seminaristas passaram a recebê-la. Havia um seminarista que chamávamos de "cinco minutos" porque ele escreveu em uma folha: "cinco minutos para isso, cinco para aquilo". Nós riamos, mas aqueles cinco minutos vieram a calhar e ele conseguiu ser o primeiro em uma competição. Ele não era de grande talento, mas tinha uma vontade de ferro.
Eu digo a vocês que a minha mais bela consolação é a de ter feito sempre a vontade de Deus. Vejam, eu fiz todos os meus estudos com o intuito de trabalhar em uma paróquia, não muito grande, mas de qualquer pequena aldeia onde, com poucas almas, as poderia tratar e curar bem. Mas quando estava me preparando, eis que, o bispo me nomeou assistente do seminário, e fiquei por dois anos, contente por poder completar melhor os meus estudos de moral. Quando depois, terminados os dois anos, acreditei que estivesse livre, me pediu para aceitar e ficar pelo terceiro ano, eu respondi que sim. Voltei novamente ao seminário, e em meu lugar já havia outro, então fui ao diretor e lhe disse: visto que já há um outro em meu lugar, posso voltar atrás. Sem me dizer nada, me mandou ao bispo, que assim que me viu, disse:
- Ah! Aqui está nosso diretor espiritual.
Eu fiquei ali, parado...
- Tem algo a dizer?
- Sabe, pensei que fosse me tornar pároco...
- Bem, eu te dou a primeira paroquia da diocese, o seminário.
Disse-lhe ainda:
- Como posso ser diretor, se todos são meus companheiros de estudo e nos tratamos por você?
- Oh, por isso, te querem todos bem...
Me deu a bênção e sem mais nada a dizer, retornei ao seminário, onde encontrei meu quarto preparado. O reitor ria...