Jaguarari em tempos de Covid-19

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Paróquia São João Batista, na cidade baiana, se adequa aos novos tempos de evangelização.

Por Antony Murigi

As atividades na Paróquia São João Batista, em Jaguarari, pararam no dia 15 de março.  A cidade naquela época tinha um caso confirmado de Covid-19 e o decreto da prefeitura mandou fechar todos os lugares onde o povo costumava se aglomerar.

Nas primeiras duas semanas, a igreja local não se pronunciou sobre como as paróquias deveriam agir para enfrentar esse novo momento. Quando finalmente recebemos o decreto do bispo nas mãos, comunicamos a todos os fiéis que a recomendação era o fechamento total das celebrações presenciais.


Junto com o Conselho de Pastoral, decidimos transmitir a missa dominical na página do Facebook da emissora local, TOP FM. Também o dono se disponibilizou a transmitir a celebração através da rádio.

De repente o povo, por medo de contágio, sumiu. Todos ficam em casa. Poucas pessoas nas ruas.

Percebendo que o povo das periferias estava passando necessidades, iniciamos a campanha de alimentos. Os paroquianos foram generosos e contribuíram com cestas básicas doando muitos alimentos, que depois foram distribuídos.


Nos dias principais do ano litúrgico como o Domingo de Ramos e o Corpus Christi, os padres foram de carros abertos a todas as ruas da cidade levando os ramos bentos e o Santíssimo. Na festa do padroeiro (24 de junho), os padres organizaram carreatas novamente com carros abertos e levaram a imagem de São João Batista a todas as ruas da matriz e das comunidades maiores.

O atendimento às pessoas, segundo o decreto da igreja local proibiu visitas às casas e hospitais sem a roupa protetora. Mas nós, como missionários, continuamos procurando, criativamente, acompanhar o povo visitando as comunidades para encontros e celebrações mesmo com número reduzido.

No início do mês de setembro, o município através do prefeito emitiu um decreto permitindo participação de 25% de fiéis nas igrejas. O pessoal da vigilância sanitária veio acompanhar o mutirão de limpeza da igreja matriz. Colocamos fitas dividindo os bancos, providenciamos álcool em gel e começamos a receber um número reduzido para as celebrações.


Vale a pena ressaltar que agora temos 380 casos confirmados de Covid-19 em Jaguarari. Maior número de infectados se encontra no distrito do Pilar. A igreja local ainda lembra a todos que somente cinco pessoas podem participar nas celebrações.

Sentimos que falta diálogo entre a igreja local e os municípios. Muitas pessoas também se acomodam com a missa transmitida nas redes sociais, outras passam para a igreja "vetero-católica" e outros fiéis já foram para as igrejas evangélicas porque na católica tudo ainda não é seguro. Percebendo tudo isso, estamos tentando flexibilizar a situação um pouco, enquanto vamos esperando o pronunciamento do bispo.


Estamos promovendo o distanciamento social, uso de máscaras e álcool em gel, higienização profunda dos ambientes e criatividade para a proteção de todos. Sempre rezando para que a pandemia passe logo.

A catequese se faz on-line, os encontros dos grupos também. O horário de atendimento na secretaria foi reduzido e barreiras sanitárias estão colocadas em todas as entradas. Mas mesmo assim tem muita aglomeração nos bancos, feiras livres e nas ruas.

A consolação continua e a missão também.

* Antony Murigi, imc, é missionário em Jaguarari, BA.