'Eu não vos verei, mas, talvez ireis também no Japão, no Tibet, como São Francisco Xavier, o qual queria atravessar a China, a Rússia, a Alemanha, e converter o mundo inteiro'. (José Allamano)
Por Giacomo Mazzotti*
Entre os padroeiros principais dos missionários e das missionárias da Consolata, depois de São Paulo, está São Francisco Xavier - um dos “seis amigos” de Allamano. São Francisco Xavier iniciou a Companhia de Jesus, foi missionário na Índia e no Japão e morreu com apenas 46 anos, aguardando para poder entrar na China. Allamano se deixou conquistar por este jesuíta, pelo seu ardor missionário, intenso trabalho apostólico, coragem de enfrentar as dificuldades e dissabores; mas, sobretudo, pela sua santidade de vida. Eis o nosso modelo, dizia: “nós estamos acostumados a admirar São Francisco Xavier e paramos ali. Ao contrário, mesmo por que termos a mesma vocação - religiosa e missionária - não deveríamos nos tornar santos e fazer o bem como ele fez, ele que é, depois dos apóstolos, o maior dos missionários?
Unidade de espírito
Deste santo, o que muito impressionava o Allamano - e isto ele repetia inúmeras vezes na formação dos seus missionários e de suas missionárias – e que podemos chamar “o segredo da noite”, era isto: de dia Francisco dedicava-se totalmente ao trabalho missionário, doando-se sem medida, sem olhar a si mesmo; mas, depois de um dia exaustivo – comentava Allamano – passava a noite na igreja, aos pés do tabernáculo, e quando não aguentava mais, tomado pelo sono, adormecia nos degraus do altar. E era mesmo nestas “noitadas” passadas aos pés do Senhor, que Francisco encontrava a força e a graça para continuar sendo “o grande missionário”. A santidade de Xavier – explica Allamano, seguindo o primeiro biógrafo – consistia no fato de ser ele, “todo de Deus, todo do próximo, todo de si mesmo”. Tudo de Deus para torná-lo conhecido e amado pelo maior número possível de pessoas; todo do próximo pelo seu zelo e generosidade em doar-se a todos; todo de si mesmo, e isto, para crescer sempre mais na sua própria santificação.
Allamano lembrava também que Francisco Xavier levava sobre o seu coração a fórmula da sua profissão religiosa e um trecho da carta de Santo Inácio com a assinatura dele, além de fragmentos de outras cartas com as assinaturas dos confrades que lhe escreviam; e explicava: “pelo consolo que eu experimento, esses nomes eu levarei sempre comigo”. Por isto, uma vez, ao se despedir de alguns missionários que partiam para a missão, o Fundador lhes disse: “concluirei com as palavras de Santo Inácio a São Francisco Xavier: somos obrigados a nos separar fisicamente; mas, o nosso espírito e o coração partirão contigo”. Também Allamano conservava as cartas dos seus filhos e filhas que estavam longe, lembrava todos nas suas orações, repetia o nome deles, que consevava escritos numa folha. Como os primeiros jesuítas, como Francisco Xavier que, destinados “à separação” no mundo, Allamano conseguia manter a unidade de espírito e de coração.