“Se eu quero tornar o outro, doce, delicado, devo primeiro me tornar doce e delicado eu mesmo... Ai de vocês, se forem à Africa sem a virtude da mansidão de São Francisco de Sales! E deveis ter essa virtude, não só para hoje, mas também para amanhã e para sempre, até à morte. Portanto, de mansidão nunca teremos o suficiente”. (José Allamano)
Por Giacomo Mazzotti *
Entre as definições dadas pelo Fundador sobre São Francisco de Sales, há uma, um tanto enigmática e original: como “perfeito salesiano da misericórdia ampliada”; salesiano, não referindo-se, obviamente, aos filhos de dom Bosco, mas ao “quarto São Francisco” (depois de São Francisco de Assis, São Francisco Xavier, São Francisco de Paula, do qual o Allamano era muito devoto): o próprio São Francisco de Sales, bispo de Genebra e fundador das Irmãs da Visitação. É preciso lembrar que este santo, no tempo do Allamano, tinha sido eleito protetor do clero do Piemonte. Dom Bosco o quis titular da família religiosa por ele fundada, a dos salesianos, e o cardeal de Turim Agostinho Richelmy havia estabelecido a data da fundação do Instituto dos Missionários da Consolata que devia ser em 29 de janeiro, que na época era a festa litúrgica deste santo famoso, e era também a data em que o Fundador sarou, milagrosamente de uma grave doença.
O Santo era famoso por sua doutrina, simples e amável; por isso, era muito amado pelos Piemonteses dos anos Oitocentos, tanto que Allamano disse: “São Francisco de Sales é um dos nossos, porque morou em Savoia e Savoia pertencia ao Piemonte... e depois, também porque ele era muito devoto da Consolata”. Não só isso, mas alguns estilos e comportamentos dele, eram muito apreciados pelo Allamano.
Antes de tudo, porém, Allamano admirava a capacidade que São Francisco de Sales tinha de “envolver de benevolência, de mansidão, de delicadeza”, todas as pessoas, indistintamente.
Uma outra virtude, e esta, para o Allamano era fundamental e irrenunciável no trabalho apostólico, dizia: “na vida dos missionários, creio que esta virtude seja de uma grande importância. São Francisco de Sales converteu mais pessoas pela sua mansidão, do que pelo resto. Não se ofendia, não perdia a calma e trabalhava fazendo bem todas as coisas”.
Dá-me as almas
Allamano tinha copiado de São Francisco de Sales uma outra virtude que desejava ver em cada missionário: o ardor apostólico. “Este é o carater especial de São Francisco de Sales: a saúde das almas”. Ele não só convencia, mas convertia. Digam também vocês como ele: “Dá-me almas e tira-me o resto. O zelo apostólico, é o que nos faz salvar as almas”.
Allamano conhecia muito bem os escritos do bispo de Genebra; guardava-os como um tesouro e os citava continuamente - nas conferências aos missionários - ao menos 170 vezes. Imitava-o no seu modo de aproximar as pessoas, de confessar, de orientar espiritualmente e de ajudar as pessoas.