O homem do conselho

Allamano reconhecia que havia recebido do Espírito Santo o dom do conselho e o colocava a serviço dos outros.

Por Francesco Pavese

Quando José Allamano faleceu, o cardeal Giuseppe Gamba, arcebispo de Turim afirmou: “agora não tenho ninguém a quem recorrer para me aconselhar”. Já mais idoso, Allamano disse a um pároco que o visitava para aconselhar-se: “faça frutificar os talentos que Deus lhe concedeu, porque cada um deve responder aos dons recebidos. Veja, eu estou aqui no Santuário da Consolata há tantos anos. Tenho procurado fazer o que posso. Damos glória a Deus por aquilo que ele nos deu. Veja, o Senhor me deu o dom do conselho; eu procuro sempre colocá-lo a serviço dos outros”.
Allamano foi verdadeiramente o homem do conselho, universalmente reconhecido na diocese de Turim, como também fora dela. Disse dele um sacerdote: “era especialmente o homem do conselho e, como todos sabemos, a ele recorriam sacerdotes, religiosos, leigos e até os bispos para obterem conselho”. O Bem-aventurado Francesco Paleari afirmou: “aqui em Turim tinha fama de ótimo conselheiro, não só para o povo, mas também para os sacerdotes, bispos e leigos”.

Para todos
Um dos mais estreitos colaboradores de Allamano no Santuário afirmou com segurança: “a ele, se pode dizer, sem exageros, que recorria todo o clero diocesano das paróquias mais antigas e também os mais jovens seminaristas”. E era verdade. Veja o que disseram dois deles: “no meu mais longo ministério recorri constantemente a Allamano para direção e conselhos, e encontrei sempre nele o verdadeiro homem de Deus preciso e seguro nas suas sugestões, esperto conhecedor dos homens e das coisas. Mesmo agora se Deus me desse a graça de conhecer pessoalmente o cônego Allamano, falaria dele como um sacerdote dotado, em alto grau, como dono do conselho. É por isso que quando era jovem vice-pároco e depois já como pároco, muitas vezes o consultava pessoalmente ou por escrito sobre casos delicados. As suas respostas concisas e precisas, as recordo agora”.

Allamano era conselheiro também dos leigos de várias categorias: operários, empreendedores, homens da política ou nobres, como o príncipe da Casa Savoia. Não rejeitava ninguém, mas tratava todos do mesmo modo. A precedência só a reservava aos jovens, quando os sentia impacientes. E um professor da universidade: “não poucas vezes o visitava para pedir conselhos, que sempre concedia com infinita cortesia e muitas vezes me foram utilíssimos para toda vida”. O seu empregado disse: “um senhor, pedindo conselho a Allamano, saindo me confidenciou: vim ao Reitor carregado de preocupações e vou embora contente e leve como uma pluma”.
Seria bastante longo reportar o pensamento de quantos saíram do Instituto. Muitos tiveram a ventura de estar próximos a ele. Para todos, basta o de uma missionária: “não era amante de muitas palavras. Interrogado, geralmente não respondia rápido; se recolhia um instante, depois dava a sua resposta exata, segura, sem titubear ou deixar dúvidas. Parecia receber o conselho de Deus e o comunicar”.

* Francesco Pavese, imc, é missionário na Itália.