Quando estou bem de saúde, digo: Senhor, ajuda-me a fazer algo de bom, enquanto estou com disposição, porque quando ficar doente não posso mais fazer nada.
Por Giacomo Mazzotti*
Vejam, não é para falar de mim, mas é preciso que o diga: Quando jovem eu era muito mais frágil de saúde do que agora. Frequentemente, tinha acessos de dor de cabeça (emicrânia) que nao me deixava fazer nada. Ia no refeitório e comia pouco, de maneira que ninguém percebesse. Na sala de estudos ficava comprimindo a fronte com as mãos e parecia que estava estudando. Ninguém nunca percebeu este meu mal. No último ano, no Seminário, quando eu era assistente, uma manhã, saindo da capela fui logo deitar-me. O diretor veio para falar comigo e vendo o meu estado, me perguntou o motivo. Maravilhado disse: "por que você nunca falou sobre a dor de cabeça"? Respondi: Sofro disso há muito tempo. Mas, eu já sabia que com um dieta leve a dor passava.
Quando cursava o terceiro ano de teologia, uma vez, tive tanta dor que achei que fosse morrer. Os colegas, me contaram mais tarde, achavam que iam me perder. Vejam, eu aguentei e estou vivo até hoje.
Quando estou bem de saúde, digo: Senhor, ajuda-me a fazer algo de bom, enquanto estou com disposição, porque quando ficar doente não posso mais fazer nada. Lembro-me que naquela vez, pedi ao Senhor que me curasse, se fosse a sua vontade. E sabem, que nunca pedi ao Senhor que me prolongasse mais a vida?
É verdade que agora a minha missão já foi realizada; teria só a necessidade de alguns meses, para alguma coisa mais... Admito que não sou um colosso e nem preciso sê-lo; seria querer demais... Mas se for da sua vontade, gostaria de ter ainda algum tempo para terminar de cumprir o meu dever, para o meu bem e o vosso. O Senhor já ouviu muitas vezes as vossas orações a meu respeito. Agora sou como o vidro – não se pode mais passar por cima, como no passado.
Vocação
Eu jamais pensei que pudesse chegar a esta idade. Lembrando que, quando eu era jovem como vocês, a minha maior consolação era a de sempre me esforçar para seguir a vocação que Deus me havia dado.
Eu tinha dois irmãos: um estudava medicina e o outro direito e queriam que eu fizesse o mesmo. Tínhamos um tio padre, que nas férias, me deixava livre; então para contentá-lo eu lia os livros que ele me dava. Porém, um dia, reuni todos e disse: "Eu já decidi: quero ser padre".
Quando concluí o Primeiro Grau, um dos irmãos me aconselhou a fazer o Liceu numa escola pública e não no seminário. Refleti um pouco e depois de ter percebido que aquilo poderia me distrair muito, disse decidido: "É agora que o Senhor me chama; não sei se tornará a chamar-me mais adiante".