Vão para a missão por causa da salvação, mas devemos trabalhar também para nos mantermos.
Francesco Pavese *
As primeiras coisas que se aprendem na vida dependem do contexto onde nascemos. José Allamano, tendo nascido em uma aldeia agrícola e sabendo da importância dos serviços caseiros, insiste na formação dos missionários sobre o aprendizado do trabalho manual, porque não humilha mas enriquece as pessoas, e afirma: “o trabalho não nos deve envergonhar”. Na visão dele, o trabalho manual servia para a autossustentação, conforme o hábito de todas as pessoas honestas, e sobretudo para sustentar a própria atividade missionária. Sobre isso dizia: “o melhor que podemos fazer é nos abrir para ter amor ao trabalho: aprender a fazer um pouco de tudo”. E acrescentava: “lembremos o que dizem nossos Estatutos: seguindo o exemplo de vida de Paulo que trabalhava com as próprias mãos para se autossustentar, os missionários se dedicarão ao trabalho manual; e para alcançar resultados devem adquirir habilidades na execução de serviços úteis para a missão. Tanto os estudantes como os padres devem habituar-se a viver no verdadeiro espírito do pobre”. E insistia: “um missionário que não sabe e não quer aprender a trabalhar não é um verdadeiro missionário”, porque “o trabalho não é apenas um dever, mas uma honra como foi para Jesus e para sua família. Durante 30 anos, Jesus trabalhou com São José na profissão de carpinteiro. E Maria também, assim como os santos padres da Igreja e outros santos”.
Vida comunitária
No pensamento de Allamano percebemos uma espécie de trilogia de valores. O trabalho manual está associado à oração, à união com Deus e ao estudo. Queria que o trabalho fortalecesse o estilo de vida comunitária dizendo: “é necessário trabalhar com as mãos! É um prazer ver numa comunidade todos disponíveis para os trabalhos necessários”, porque “todos somos membros da comunidade. Desejo que cresçam neste espírito de ajuda mútua e nunca dizer: “isso não é comigo. É dever de todos!”
Aos irmãos consagrados ele dizia que “são membros do Instituto da Consolata, plenamente missionários” e que o serviço deles, além de ser trabalho manual na comunidade, está sobretudo focado na atividade missionária. Ele chamava carinhosamente os irmãos de “meus benjamins” e acrescentava, “são muitos os irmãos consagrados que se tornaram santos”.
Também quando falava para as missionárias, repetia coisas semelhantes, dizendo que deviam agir “como boas mães de família, especialmente quando se dedicam à educação das crianças e à promoção das mulheres”. Não hesitava em afirmar: “diria que para a missionária, o serviço principal é o trabalho manual. Vão para a missão por causa da salvação, mas devemos trabalhar também para nos mantermos. Devemos amar o trabalho e desejar trabalhar cada dia melhor”. E como conclusão citamos: “a oração não consiste em recitar palavras de manhã até à noite, mas ter na frente o Senhor como referência; se assim for, também o nosso trabalho será uma expressão de oração”. ν
* Francesco Pavese, imc, é missionário na Itália.