“O Senhor Jesus Cristo veio do céu à terra para salvar a humanidade; e foi isto que moveu nele cada ação, palavra e pensamento”. (José Allamano)
Por Giacomo Mazzotti *
Na edição anterior de Missões, prometi que iríamos conhecer, cada mês, um dos “companheiros de caminhada” que o nosso Bem-aventurado José Allamano escolheu para que fossem para ele e para os seus missionários e missionárias (e, portanto, também para todos nós), modelos e mestres de vida. Os escolheremos, então, entre as “51 flores” do seu jardim que entrevimos no mês passado; porém, a primeira é uma grande exceção. Partiremos, portanto, não de uma flor, mas do próprio “jardineiro”, isto é de Jesus, e iremos descobrir quem foi Jesus para Allamano.
Podemos dizer que a “cristologia” de José Allamano é muito simples, por nada pesada, com aquelas noções doutrinais - não obstante, fizesse ele parte da presidência do Colégio de Doutores da Faculdade Teológica de Turim – que se apoia sobre uma familiaridade orante dos evangelhos e dos escritos de São Paulo. Daí a sua atitude afetiva, que comove e... quase poética, que o fazia expressar-se, mais de uma vez, com exclamações de admiração: “Como é bonito! É mesmo bonito!”
O seu contato com o Evangellho o faz descobrir e amar a figura de um Jesus sempre em movimento, sempre em contato com as pessoas, apóstolo e evangelizador itinerante, que com a sua mansidão, mostrava quanto Deus é Pai “rico em misericórdia” para todos, sem barreiras, sem fronteiras. Por isso, a sua é uma cristologia eminentemente operativa, de ação. É por esta sua visão do Cristo peregrino, ao longo das estradas para anunciar a “Boa Nova”, que nasce nele a estima pelos missionários, os quais, “copiando” e vivendo este ideal, de doação sem medida para “salvar as almas”, exercem, entre as ações divinas, “a mais divina”.
O bem, bem feito
Allamano estava convencido que os seus filhos e filhas, porque missionários, eram superiores a ele: os admirava, porque tinham escolhido um estilo de vida que os aproximava mais de Jesus Cristo.
Entre as várias devoções cristológicas, ele preferiu a do Sagrado Coração, como interpretação autêntica da mensagem evangélica: “aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração”.
Para Allamano, a mansidão é a primeira e maior virtude de Cristo, e por isso mesmo é também a máxima virtude missionária: “com os africanos é necessário termos paciência, caridade, mansidão. E quando devemos ter estas virtudes? Sempre, e com todos”.
E, quase como síntese de tudo, repetia muitas vezes a breve frase que os evangelistas atribuem a Jesus: “Bene omnia fecit – Ele fez bem todas as coisas”, que se tornou um dos seus “slogans” mais famosos: “fazer o bem, bem feito, sem barulho”. É um programa de vida para os seus missionários e missionárias.