Opção Afro-Brasileira

O povo negro presente nas Américas foi arrancado das suas culturas e tradições ancestrais, e ao chegar aqui, para melhor dominá-lo, proibiu-se qualquer prática cultural entre eles, consequentemente, perderam a sua identidade cultural que resultou em baixa autoestima.

É necessário trabalhar com este povo no processo de busca de sua identidade, isso só é possível através da promoção de valores culturais, fazendo com que o povo negro reconheça, aceite e abrace sua cultura como algo que é dele e que o faz único dentro de uma sociedade diversificada.

São conhecidas as estatísticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que afirma que 56,1% da população brasileira é preta e parda. Apesar do número dos negros ser maior que o dos brancos, ainda os negros se encontram ausentes em todos os âmbitos sociais, na educação, na política e na economia. Tudo isso é indicador da grande desigualdade que existe na sociedade onde a população negra se encontra marginalizada de todas as formas.

O relatório sobre Transparência Salarial, feito recentemente pelo Governo Federal, revelou, por exemplo, que a desigualdade maior é de etnia, não de gênero. Negros ganham, em média, menos do que homens e mulheres não negros (brancos, amarelos e indígenas), mas negros têm remuneração e salário de admissão menores do que as não negras.

Mas há outro desafio, o da etnia. Mulheres negras ganham 33,3% a menos do que as não negras, que, por sua vez, têm salários 18,4% maiores do que os homens negros (pretos e pardos). A generalização das diferenças por gênero acaba por não dar a visibilidade necessária ao racismo no mundo corporativo.

Essa equação é ainda mais complexa do que o machismo porque o abismo que separa a população negra de profissões, de cargo com melhores salários e de produtividade, além do preconceito, ainda é a formação.

Depois do Concílio Vaticano II, as conferências do episcopado latino-americano fortaleceram as manifestações levadas a cabo por movimentos que reivindicavam a dignidade dos afrodescendentes na sociedade, em muitos casos tendo provocado um posicionamento da Igreja.

No Brasil, a pastoral afro-brasileira surgiu da necessidade de dar organicidade às diferentes iniciativas dos negros católicos que participavam da vida e da missão da Igreja, ao mesmo tempo que é fruto da conscientização das necessidades emergentes a partir do aprofundamento do compromisso com a caminhada das comunidades negras.

Os missionários da Consolata, como colaboradores dessa ação evangelizadora da Igreja local, enxergam a realidade do povo negro no continente americano. Por este motivo, afirma em seus documentos: “A partir de nossa condição de discípulos missionários, queremos, despertar, sensibilizar e animar as Igrejas locais, principalmente, onde a presença de afrodescendentes é significativa, sobre a necessidade de fazer uma evangelização a partir da cultura afro, que leva ao encontro com Jesus Cristo”.