A vontade de Deus é certa quando o Senhor permite as coisas. Não existe maior segurança do que quando fazemos a vontade de Deus
Por Francesco Pavese*
O Bem-aventurado José Allamano, em sua vida de cristão e sacerdote, tinha um ponto fixo que o tornava seguro, decidido e sereno. Tratava-se de uma convicção que possuía desde a juventude e que era sua característica: seguir sempre a vontade de Deus.
A este respeito, nos iluminam algumas de suas confidências feitas com simplicidade aos seus missionários e missionárias e aos jovens missionários. Assim disse ele aos jovens, na vigília de seu 62º aniversário: “uma coisa me consola quando penso na minha pouca correspondência a tantas graças; é de ter sempre com ajuda de Deus, seguido a via que Ele me fixou por toda a eternidade. Vejam agora como quando eu dando uma olhada ao passado, posso alegrar-me de ter cumprido a vontade de Deus e manifestar-me aos meus superiores. Somos felizes porque temos a certeza de haver caminhado pela via que Deus havia sinalizado. Me consola que fazendo assim sua vontade, Deus haverá ajustado meus erros e perdoado minhas faltas”.
Uma seguna confidência, parecida com a primeira, Allamano a fez por ocasião de outro aniversário: “completando hoje 66 anos, sou agradecido ao Senhor. Tenho suplicado a Ele que tenha misericórdia de mim quando deverei prestar contas de todas as graças que tenho recebido. São tantas, vocês devem saber! Todavia não me aflijo porque sempre tenho feito a vontade de Deus e disso nao duvido”. Também às missionarias ele exprimiu a mesma confidência: “são 45 anos que fui ordenado sacerdote! Creiam-me, não há nada de mais consolador e tranquilo que fazer a vontade de Deus, manifestada aos superiores. Tenho certeza de ter feito sempre a vontade de Deus, porque em meus superiores tenho tido sempre confiança, e feito o que me diziam, começando por nosso arcebispo. E até o fim da vida eu vos digo que a minha mais bela consolação é de ter feito a vontade de Deus”.
Segurança
Allamano não era superficial. Sempre descobria a vontade de Deus de muitos modos: na meditação durante os momentos de intensa oração; nos acontecimentos lentos e dolorosos que o entristeciam; nos conselhos de seu confessor e de pessoas sábias; sobretudo na obediência aos superiores, em particular de seu bispo. Como exemplo de sua coerência em seguir a vontade de Deus, transcrevemos o diálogo que travou, no distante 1900, convalescente de uma grave doença, com o cardeal Agostino Richelmy, arcebispo de Turim. Allamano ja tinha confidenciado a ele o projeto de fundar um Instituto Missionário. A doença, porém, era um obstáculo de aparência insuperável. “Outra pessoa pensará na fundação do Instituto”, disse com simplicidade Allamano, convencido de não estar mais animado para o fazer. A resposta do arcebispo foi imediata e decidida: “Não, você deverá fundá-lo, e nenhum outro”. E a conclusão foi plena de fé: Eminência, em seu nome, eu o farei. Daquele dia em diante Allamano nao teve nenhuma dúvida de quão clara era a vontade de Deus. A ele restava apenas segui-la.
Em um aspecto, Allamano tinha certas expressões de Jesus que, segundo ele, exprimiam sua identidade e completavam toda sua vida. Algumas das principais: “o meu dever é fazer a vontade de meu Pai”; “não vim para fazer a minha vontade, mas aquela do Pai”; “não a minha, mas a tua vontade seja feita”. E depois explicava: “basta ler o Evangelho para descobrir o desejo de Jesus; em todas as páginas se encontra que Ele fazia a vontade de seu eterno Pai”.
Allamano deixou dois conselhos que ainda são muito atuais: “a vontade de Deus é certa quando o Senhor permite as coisas. Não existe maior segurança do que quando fazemos a vontade de Deus”.
