Coreia: um abraço sem fronteiras

As esperanças do Padre Pietro Han, IMC, de um dia alcançar a reconciliação entre as duas Coreias.

Por Federico Piana *

A foto pode ser considerada um símbolo: vemos o Padre Pietro Han junto com duas freiras imitando o gesto de um abraço que envolve uma paisagem ao fundo. Uma imagem que poderia ser arquivada como testemunho de um belo momento de fraternidade, mas que na realidade esconde uma mensagem profunda.

O que se vislumbra atrás das freiras e do padre, membro do Instituto Missões Consolata, não são os lugares agradáveis de um passeio feliz, mas os campos verdes e as montanhas áridas de um dos países mais impenetráveis e misteriosos da Terra: a Coreia do Norte. E aquele abraço sorridente imortalizado em uma zona de fronteira da Coreia do Sul significa apenas uma coisa: o desejo de reconciliação de toda a península coreana, que desde o início dos anos 50 vive dividida por uma guerra congelada que se teme possa recomeçar a qualquer momento.

Saber que o religioso e as duas freiras retratadas na foto estavam na fronteira para participar de uma peregrinação pela paz não é um detalhe de pouca importância, mas representa uma das peças principais do complexo quebra-cabeça do caminho em direção à unidade e à pacificação que a Igreja coreana vem tentando montar há anos, mesmo que com dificuldades, avanços e, muitas vezes, retrocessos abruptos. Sabe disso muito bem o Padre Pietro Han, da diocese de Incheon, que é membro da Comissão de Reconciliação Nacional, criada graças à participação de institutos religiosos masculinos e sociedades de vida apostólica: "A comissão, que trabalha em estreita colaboração com nossa Conferência Episcopal, foi fundada em 2015 após a experiência de sete organizações religiosas comprometidas em ajudar os norte-coreanos refugiados no sul e apoiar a população da Coreia do Norte", explica ao "L'Osservatore Romano". Uma das atividades fundamentais da comissão, que opera em nível diocesano e é composta por quinze comitês de reconciliação, é a oração. E é também mérito deste organismo se, já há alguns anos, às 21 horas de cada dia, em todas as igrejas se recita uma oração pela paz seguida por um canto mariano e o Glória.

"Nossa comissão - acrescenta o padre Han - se empenha em promover um movimento constante de oração que envolve líderes e fiéis comuns. Com nosso testemunho de fé, destacamos a necessidade de unidade e reconciliação nacional. Além disso, há uma forte colaboração com outras associações para compartilhar as informações essenciais necessárias para a realização de nossos projetos".

Que o trabalho da comissão e de toda a Igreja coreana possa ser comparado a uma verdadeira jornada quaresmal é compreensível também por outra foto. Aquela tirada durante a peregrinação anual pela paz na fronteira com a Coreia do Norte que mostra freiras sentadas, talvez até cansadas, exaustas. Diante de seus olhos se destaca o horizonte habitado por aqueles irmãos separados pelos quais todas elas, juntamente com cada cristão do Sul, estão dispostas a enfrentar perigos, derrotas e dor, mesmo no silêncio e no ocultamento que a prudência exige e como todo deserto ensina.

Han está convencido de que a Quaresma da Igreja coreana também passe pelo perdão mútuo das injustiças sofridas, pelo apagamento do ódio: "O caminho para a paz deve eliminar a ira de todo coração seguindo o caminho da Cruz de Jesus e praticando seus ensinamentos: aceitar o inimigo como irmão". No deserto quaresmal que já dura mais de sete décadas, a Comissão de Reconciliação Nacional não deixa ninguém para trás. As pessoas que conseguem escapar do duro regime ditatorial - os "desertores norte-coreanos", como os chama a Conferência Episcopal - são assistidas e apoiadas não apenas espiritualmente, mas também materialmente. Além disso, lembra o religioso, "prestamos assistência humanitária diretamente à Coreia do Norte, embora agora, devido ao deterioramento das relações, nossos canais tenham sido interrompidos". A educação para a unificação é outro objetivo essencial da comissão, que está experimentando bolsas de estudo destinadas a jovens refugiados norte-coreanos.

É no fundo de sua alma que o Padre Pietro Han cultiva o que ele próprio considera mais do que uma esperança: "A possibilidade concreta de que uma maior interação com o Norte possa se tornar um instrumento para melhor difundir o Evangelho".

Fonte: www.osservatoreromano.va