Por James Murimi Njimia*
Estou na comunidade indígena Maturuca, em Roraima, região Norte do Brasil desde o inicio do mês de março de 2020, e neste tempo caminhamos com as comunidades dando conselhos e orientações de como se proteger contra a Covid-19. Lembrando que naquela altura, o vírus estava só em São Paulo. Por isso aproveitei bastante para dar palestras de acordo com a Campanha da Fraternidade deste ano, com o tema Fraternidade e Vida e o lema Dom e Compromisso.
A partir do mês de abril de 2020, a minha pastoral ficou limitada apenas à comunidade indígena Maturuca. Desenvolvemos um plano de compra de alimentação comunitária em vista dos prováveis momentos difíceis de quarentena/lockdown. De cem famílias pedimos que cada uma contribuísse com R$ 50,00 e conseguimos comprar os alimentos.
Também a Missão ficou responsável pelo suporte no transporte para as compras familiares. Isso acontece uma vez por semana para evitar aglomeração na vila de Uiramutã. Apenas três pessoas fazem as compras. Neste caso o missionário não acompanha essa atividade, mas apenas providencia o transporte.
A nossa Missão se intensifica no acompanhamento dos fiscais (seguranças) que estão nas barreiras sanitárias. Providenciamos a alimentação, mascaras e combustível. São cinco barreiras sanitárias na Região Serras, e cada uma tem no mínimo 12 seguranças. Nesse caso, levamos alimentação quando conseguimos.
Desde o inicio do mês de maio, paralisamos as celebrações em todas as comunidades pertencentes à Missão Maturuca. Mandei cartas para todos e eles aderiram.
Um dos maiores desafios é que entre os povos indígenas têm algumas pessoas que são desobedientes. Desde o inicio do mês de abril quando o vírus não tinha chegado em Boa Vista, aconselhamos e fizemos encontros comunitários todos os domingos para organizar as coisas, tudo isso para evitar que as pessoas fossem para a cidade, mas alguns fugiam.
Foi assim que o vírus entrou na Região Serras. No dia 27 de maio apareceu o primeiro caso e primeiro óbito na comunidade Ticoça que se localiza perto de Maturuca. Hoje na mesma comunidade temos sete casos confirmados. Isso é muito triste. mas a gente não vai medir esforços para ajudar, naquilo que está ao nosso alcance.
Devido a esse surto na região Serras, eu pessoalmente, estou diariamente na Missão, rezando, estudando, limpando o quintal e cortando capim, plantando milho e também cuidando das galinhas.
A Missão faz sentido nos desafios. Rezem por nós!
Deus abençoe todos os missionários da nossa Região Brasil.