A serviço da Pastoral Afro

Professo tanzaniano da Consolata professou votos perpétuos em São Roque da Matinha, Feira de Santana, BA.

Por Wilson Gervace Mtali*

Nasci no dia 29 de janeiro de 1988 na região de Iringa, na Tanzânia, filho de Gervace Mtali e Letícia Mkuvalwa. Somos sete filhos, cinco homens e duas mulheres. Dois irmãos são falecidos. Eu ocupo o sexto lugar entre os sete filhos.

Fiz o Ensino Fundamental na minha vila chamada Wasa, de 1998 a 2004. Ao terminar o Ensino Médio entrei no seminário menor diocesano, iniciando com o ano preparativo em Tosamaganga, segundo as normas da diocese de Iringa, e depois quatro anos da primeira etapa do Ensino Médio em Mafinga segundo o sistema educacional da Tanzânia. Entre 2005 a 2009 passei no seminário menor diocesano fazendo a primeira etapa do Ensino Médio e entre 2010 a 2012 completei a segunda etapa, que é a preparação para entrar na faculdade. Esse período cursei na escola que se chama Ilboru e se encontra na região de Arusha. Nessa etapa cursei Biologia, Física e Química, com o desejo de fazer medicina veterinária na faculdade.

História vocaciona

A minha caminhada vocacional começou no Ensino Fundamental. Desejando ser coroinha entrei para fazer parte do grupo da minha comunidade, que é a matriz da minha paróquia. A ideia de entrar no Seminário Menor veio do meu amigo que me convidou para escrever uma carta. Assim foi, escrevi, fiz a prova e ingressei no Seminário Menor. Posso dizer que o tempo que passei no Seminário, cinco anos, foi o momento que a minha vocação se desenvolveu, cada vez mais o meu desejo de ser padre se consolidou.

Ao terminar a primeira etapa do Ensino Médio, entrei na escola pública para fazer os dois anos de preparação para entrar na faculdade. Uma coisa se destacou e ficou como sinal de que o meu chamado era para ser padre. Numa escola pública, onde não se falava nada de vocação, todos os alunos só falavam de profissões como medicina, ou engenharia entre outras, eu sempre senti que o desejo de ser padre permanecia forte dentro de mim. Em outras palavras, num contexto escolar onde a conversa sobre vocação religiosa não existia, uma escola com alunos de maioria não católica, ainda dentro de mim permaneceu esse desejo de seguir o rumo diferente daquele que os outros aspiravam.

Com esse desejo, enquanto continuava com os estudos, comecei a me comunicar com o padre missionário da Consolata que era promotor vocacional. De fato, já conhecia os missionários porque eles atendiam a minha paróquia. Então depois de terminar o sexto ano do ensino médio, enquanto continuava me comunicando com o promotor vocacional, dei aula de Biologia por oito meses numa escola de Ensino Médio que fica perto da minha casa, e em 2012 ingressei oficialmente no Propedêutico (etapa de formação da vida religiosa) e Filosofia em Morogoro. Em 2016 terminei o curso da Filosofia e ingressei no Noviciado. No dia 13 de agosto de 2017 fiz a primeira profissão religiosa e fui destinado ao Brasil. De 2018 a 2021 fiz teologia na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Ao terminar os estudos teológicos fui destinado para Feira de Santana, BA, na paróquia quilombola São Roque da Matinha. No dia 10 de julho de 2022 fiz a profissão perpétua de vida religiosa na paróquia São Roque da Matina.

Opção missionária

Desde 2018 trabalhei na Paróquia Cristo Ressuscitado, diocese de São Miguel Paulista, São Paulo. Os missionários da Consolata trabalham nessa paróquia com a pastoral afrobrasileira. Trabalhei nesta pastoral por quatro anos em São Paulo e depois fui destinado a Feira de Santana, para seguir trabalhando com a mesma pastoral. Essa é a primeira opção de missão, mas também fiz experiência na terra indígena em 2019 e gostei bastante. Estou sempre aberto às necessidades da missão.

*Wilson Gervace Mtali, imc, é professo em Feira de Santana, BA.